sexta-feira, 22 de abril de 2016

Certa vez tinha entrado numa taberna. Numa verdadeira taberna. Tabernas que inspiram cineastas que as olham desde o umbral da porta.
Na verdadeira taberna, aquela em que ele entrara, só serviam bebida.
Bagaço, wisky de produção enigmática e cerveja. Sagres ou Super-bock.
Chegaram os "de leste" e havia uma outra pilsen que ele não conhecia.
O convite que a pilsen estendia, era retirado com o olhar assim que algum loiro de rosto quadrado cruzava o tal umbral da porta.
O afamado umbral tinha em seguida a clássica cortina de fitinhas, destinada a manter longe cineastas, esposas, membros e fãs do clérigo.
Cruzando o arco-irís o que se encontravam era clichés de homens alentejanos, baixos, entroncados, barrigas pontiagudas e manchas de rosácea escondidas em boinas de xadrez de flanela.
Comida não tinham. Nem azeitona. Nem matutano.
Taberna não é para comer, é para beber.
Cerveja ou bagaço.
E fumar.
Fumar mas não marlboro que isso é para esplanada de café praça do Giraldo.
Fumar é fumar português suave, azul, vermelho ou amarelo.
Ele fumava azul, o mais suave na sua opinião. Pedira então bagaço para reposicionar-se como macho.
Não era bom ter cara de bébé numa taberna, e ele tinha.
Nem mesmo quando ali, naquele descida perdida da Serpa Pinto, em que se sabia, que ele, o menino da Eulália, tinha sido preso por tentativa de violação a uma rapariguinha do liceu.
O mesmo liceu, que ficava na esquina da taberna.
O mesmo liceu, cujas paredes caiadas oferecia um piscar de olhos encadeados a quem tentasse espreitar para dentro da taberna,cinematográficamente, a qualquer hora do dia.

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