terça-feira, 19 de abril de 2016

Ele era como o português da piada.
Sentando-se uma vez num lugar do autocarro, encontrava-se impedido de mudar para outro lugar: trocar com quem não era a sua dúvida, ainda que fosse parte da sua questão.
 Ele era como o português é, mesmo, mas o brasileiro não sabe: Comprometido com as suas escolhas a extremos grotescos. Escolhi agora aguento-me, poderia ser a enunciação.
Ele era infeliz, já sabem isso, desde que começaram a ler...claro. Um leitor distraído já teria notado a quilómetros, um leitor como tu, caro leitor, descobriu já uma peculiaridade freudiana neste português, que não era lusitano, e sim brasileiro.
O que significa comprometer-se até às últimas consequências? Ser do corinthians porque um dia, numa festa a mãe o declarou antipalmeirense, viver no mesmo apartamento porque se angustia de dar as más notícias à milenária caseira, comprar na mesma frutaria, a mesma banana nanica, para não ter que dizer ao sr. Carlos que se enganou, ele gosta mesmo é da prata...então não é questão de compromisso é questão de cobardia, dizem vocês.
 Pode ser, aparece pela primeira vez em nosso caderno essa possibilidade. Teremos que investigar. Ainda assim, há exemplos que sustentam a nossa tese, casou com a primeira namorada, trabalha ainda no seu primeiro emprego, compra ainda o café da mesma marca que comprou no dia em que saiu da agência com seu primeiro cheque.
Cobra, ainda, em cheque, e compra café, ainda, assim que recebe o salário...
Ah então é compromisso mesmo, dirão vocês despistados por estes novos dados.
Fica ainda no ar a questão da troca, deixaremos um pouco de mistério por momentos, isso geralmente angustia muito o nosso português de piada.

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